terça-feira, outubro 21, 2008

ALGO SOBRE..., QUAL É MESMO O NOME DAQUELE ROEDOR?

Por Robson Fagundes

Não sei se posso dizer que comecei com um “anacoluto”, dado que a primeira oração do título expressa uma dúvida com relação à “de quem falaremos”, já que não termino a oração e deixo a reticência matar o tempo, mas o caso é que mudei de oração porque quis causar certo tom irônico. Sei exatamente sobre quem falarei e a mudança de oração foi apenas para praticar a aplicação da figura de linguagem “mesmo”. 

            Tenho a reflexão como um estímulo primordial para o auto-conhecimento. Por isso, não temo em dizer que existe dentro de cada indivíduo um “poeta”, com o ar da graça, com a visão crítica, com todas as verdades nas palavras subjetivas que hora ou outra escrevem os habituados a escrever o que pensam, ou aqueles que não poetam, mas sempre são pegos soltando alguma mensagem profunda que levam os ouvintes daquele círculo a refletirem as palavras carregadas de sentido. 

            Mas, a questão é: Como saber o que sou quando escrevo? Poderíamos apelar para determinados critérios e tentar descobrir o estado de alma de quem escreve; as dificuldades enfrentadas, as calamidades vividas, os obstáculos transpostos. O caso é que o Homem que mais vende livros no mundo, “um brasileiro”, declara na revista Playboy: “Sou o intelectual mais importante do Brasil”. A antropologia explicaria os motivos que levam um indivíduo a se consagrar o máximo da “intelectualidade”, mas a questão que vou abordar é puramente sociológica. Em algumas leituras que fiz de um intelectual, esse de grande prestígio pelo tremendo conhecimento que possui, descobri que o escritor conhece realmente sua obra quando há o manifesto, tanto positivo quanto negativo do público leitor. O público a que se dirige a obra literária se transforma em uma espécie de termômetro que irá consagrar ou condenar o autor.

            Desse mesmo intelectual, temos que uma obra literária só existe porque os leitores passam a aceita-la, decifrá-la e, até mesmo, a deformá-la. Vejo como exemplo “Dom Casmurro”. O impasse da dúvida deixa explícitos esses três conceitos de definição de Literatura. Ouvi dos alunos de literatura de um pré-vestibular que leram Dom Casmurro dizer que Machado não respondeu se Capitu traiu ou não Bentinho, que em algum lugar da narrativa haveria de estar a palavra ou frase que iria confirmar o impasse, ou que Capitu traiu, e atribuindo inúmeros nomes e qualidades ofensivas à personagem feminina da obra.

            Agora, por mais intelectual que fosse; Machado não chegaria a se declarar o intelectual mais importante do Brasil. Vender livros e traduzir para vários idiomas pensando em ganhar status não seria bem a sua feição.

            Porém, o roedor; o Coelho que conhecemos não demonstra a humildade de um grande intelectual. O homem que mais vende livros baseia-se em números de vendas, e quando encontra uma oportunidade de falar ou aparecer sem dar a perceber que ele buscou os veículos de comunicação, deixa escapar uma “bomba” dessas. E o respeito pelos tantos intelectuais do nosso Brasil? São tantos os nomes que julgo estarem acima de Paulo Coelho em meu conceito de estudioso. Antonio Candido, recém mencionado para aqueles que descobriram o autor dos estudos teóricos descritos acima, Ronaldo Cagiano Barbosa, Alfredo Bosi, o dramaturgo Ariano Suassuna, Marilena Chauí, Ana Maria Machado e muitos outros que não me vêm à cabeça neste momento.

Não seria mais “plausível” dizer “sou um dos intelectuais mais importantes do Brasil”, já que suas obras fazem tanto sucesso no Brasil e nos muitos países os quais elas foram traduzidas?

            O público alvo construiu a imagem do escritor. Agora, resta ao grande best-seller ter a humildade de respeitar os verdadeiros intelectuais de nossa pátria. Temo pela ofensa aos grandes nomes mundiais como Humberto Eco, José Saramago e outros. Será que “O Mago” desrespeitará esses nomes também?

(Este texto foi publicado na coluna do Robson, na primeira edição do "Quixote", Fanzine do Grupo Gauche de Literatura.)

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15 comentários:

... disse...

opa!!!! hehehehe cara ficou muito bom as trocas de orações...muito bem feito o texto..e a dica é enormemente valiosa...abraços..passa lá no meu blog...

Danilo Cruz disse...

Agora, eu fique com inveja. Você escreve muito bem. Boa sorte com a sua coluna.

Anônimo disse...

nossa....perfeito...bem vivo e bem encaixado ....e por sinal o kra q fez issu escreve d forma mtooo otima viu....

Vlw

http://lg7fortalezace.blogspot.com/

Gih disse...

Concordo! Você escreve muito bem mesmo, gostei! Ah, e eu AMEI o layout do seu blog!!! Vc q fez?? Muito bom msmo!!!

Anônimo disse...

Que massa. gostei!
hauhauha: ALGO SOBRE..., QUAL É MESMO O NOME DAQUELE ROEDOR?

ficou show o titulo.

ObS: EU AMANDEI O MODELO DO SEU BLOG \o/

humor lecal disse...

legal o texto
escreve muito bem
parabéns para o blog e para o escritor

Dr. Rodrigo Azevedo disse...

Eu acho que ele sempre quis ser Coelhinho da Playboy..
Eu poderia citar dezenas de nomes que tem uma função social muito mais relevante do que o intelectual felpudo.. vou começar por Leonardo Boff, Gabeira.. O simples fato de fazer e escrever sem a intenção direta de vender livros já os coloca acima dele. Esses comentarios combinam com os olhos vermelhos e com o tipo de cenoura que o serelepe coelho anda mordiscando..rsrs

Markinhos Wylde Hammett disse...

aee desculpee nao ter lidoooo tudooo mais peloo que lii veioo vcc escreve bem cara
continue assim
aeee curtii bastante oooo tamplete dooo blogg cara muiitooo legalll

ae beloo blogg continue assim cara

desculpe qualquer coisa

se puder
http://sorockeiros.blogspot.com/

Anônimo disse...

li o texto de cabo a rabo.

morte ao Paulo Coelho!

xD

nunca li nenhuma obra dele, nem pretendo ler. Prefiro Eco, Luyten, e a Lhaisa.

Intelectual? Alguem que se auto-intitula não merece se quer um titulo.

Gostei da maneira como colocou. Escreveu de forma concisa e, ao mesmo tempo, clara.
^^

e conseguiu deixar um ar de terceira pessoa, sem transparecer um sentimento mais exaltado em suas palavras.

muito bom!

Anônimo disse...

"Porém, o roedor; o Coelho..."
Adorei, realmente muito bom! Sorte e sucesso :)

Anônimo disse...

Já tinha lido no Quixote e reli aqui. Excelente texto, Robson! Você tem um grande futuro como escritor! Parabéns!

Anônimo disse...

Bom Dia,

Eu sou francês. Paulo Coelho é conhecido em França mas eu não gosto dele.

O seu artigo è interessante !

Orbigado pelo sua reflexao.

Fernando Pessoa e Antonio Lobo Antunes sao tambem dois grandes nomes de literatura. Porem, eu penso que Jorge Amado è um grande escritor brasileiro.

rafael geremias disse...

Oi sou de Lages SC (Brasil) e sou novo por aqui, e estou adorando, críticas literaria é comigo mesmo.

Só posso lamentar, ele não só é um embuste na literatura quanto também no seu personagem.

Pensa, alguém que guarda um baú cheio de diários e documentos e diz que essa caixa nao deve ser aberta enquanto ele estiver vivo, e ai como por acaso sai uma biografia disso tudo. Ao acaso ou jogo mercadológico?

Aposto no mercado

Abraços

Rafa


P.s.: Arte para mim, é desvinculada de dinheiro.

superever disse...

Quando esse roedor diz que é intelectual e exalta a sua importância, ele tem exatamente o seu objetivo traçado: não só o de se valorizar (menosprezando os outros), mas o de usar isso como estratégia de marketing.
Eu já li muitos textos que tratam desse comentário do roedor. Mas vejam o quanto ele ficou em evidência na mídia, em nossos textos, em nossas bocas...
Como alguém que escreve livros somente com o intuito de vender (o que eu ainda direi a minha opinião sobre isso, pois não considero de tudo mau), ele usou esse comentário como uma grande oportunidade de se evidenciar.

Anônimo disse...

Galera... Valeu por visitarem nosso blog!!!

Visitaram o Blog do Gauche...